[Crítica] Os Mercenários 3


Quem é vivo sempre aparece. :D

Pois é caros leitores, depois de dois meses afastado do blog, cá estou com um texto novo sobre um filme que assisti no inicio do mês passado, a grande reunião dos brucutus do cinema de ação Os Mercenários 3 (The Expendables 3, 2014).

E seguindo o mesmo modelo adotado na crítica passada sobre o novo Godzilla, farei uso de SPOILERS para validar certos pontos da obra em questão.

Para os fãs do cinema de ação, a franquia Os Mercenários (The Expendables) representou a realização de um sonho que até tempos atrás parecia inatingível: reunir os maiores astros do gênero em só filme. Quando o primeiro estreou em 2010, a sensação que muitos tiveram ao ver Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenneger, Bruce Willis, Jason Statham, Jet Li e Dolph Lundgren em uma mesma produção foi a mesma que os fãs de quadrinhos tiveram ao assistir Os Vingadores (The Avengers, 2012).

Com reforços de peso como Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme e Scott Adkins, a continuação foi lançado dois anos depois. Ao contrario do original que apostou em uma abordagem mais séria, o segundo apresentou um tom mais zuera never ends galhofado, com direito até a um Chuck Norris Facts dito pelo próprio. Apesar da mudança de abordagem, o filme conseguiu uma boa bilheteria, garantindo assim um terceiro filme.

Eis novamente após dois anos, Mercenários 3 é lançado nos cinemas de todo mundo. Após dois filmes divertidíssimos mas com tons completamente diferentes - pessoalmente eu gosto de ambos - qual foi a aposta para esta nova aventura?

"Vejamos, acerto a cabeça de Barney e acabo com a moral do grupo...ou enfio uma bala na bunda daquele grandalhão?"
Na trama sim ela existe, após resgatar um antigo integrante do grupo (o médico Doc, vivido por Wesley Snipes), Barney Ross (Sylvester Stallone), Lee Christmas (Jason Statham) e seus companheiros rumam em direção a Somália a fim de cumprir uma outra missão encomendada pela CIA: caçar um perigoso traficante de armas chamado Victor Minns.

Entretanto, ao chegarem ao local da missão, o grupo descobre que o tal Victor Minns é na verdade Conrad Stonebanks (Mel Gibson), outro antigo integrante da equipe e membro co-fundador dos mercenários ao lado Barney. Anos após fundarem o grupo, Ross se viu forçado a eliminar seu amigo ao descobrir que este havia se transformado em um impiedoso traficante de armas. Ao menos, até aquele momento ele acreditava que havia eliminado Stonebanks.

Os mercenários enfrentam o vilão, mas acabam sendo derrotados de forma humilhante. E para piorar, Hale Ceasar (Terry Crews) é gravemente ferido, ficando a beira da morte. Sentido-se culpado pelo estrago promovido pelo seu antigo camarada, Barney decide enfrentar Stonebanks sem a ajuda de seus companheiros. Para isso, ele decide montar um time com membros mais jovens a fim de combater o poderoso vilão.

Desde o lançamento do longa original, a proposta da série sempre foi a de reunir os maiores astros do cinema de ação em um produção cheia de tiros, explosões, frases efeito, clichês e homenagens aos grandes exemplares do gênero. Roteiros elaborados e grandes atuações NUNCA foram o foco da franquia.

Rounda Rousey com sangue nos zóios, ia ou não ia?
Em comparação com os filmes anteriores, Os Mercenários 3 é um filme bem mais equilibrado, ou seja, ele não exagera nas piadas como o segundo filme e nem se leva tão a sério quanto o original.   Em relação a proposta da história, o embate entre Barney e Conrad é o mais interessante dos três filmes, sem sombra de dúvida. Contudo, o longa escorrega - e feio - no quesito mais importante de todos, que é a diversão. Em certos momentos, o filme chega a ser MUITO CHATO.

Os problemas apresentados no longa são frutos de uma estratégia adotada pela Lionsgate - estúdio responsável pela franquia - que visava atingir um faixa maior de público e consequentemente faturar mais verdinhas. Enquanto os anteriores possuíam censura R e eram totalmente voltados para o público que cresceu assistindo os filmes estrelados por Stallone, Schwarzenegger e cia, o terceiro tentou conquistar o interesse dos mais novos através de dois artifícios: a censura PG-13, permitindo que garotada mais nova pudesse assistir o filme nos cinemas; e a inclusão de atores mais jovens no elenco, afim de criar uma identificação com os mais novos.

Mesmo com a eliminação do gore e dos palavrões por conta da nova faixa etária, o número de inimigos massacrados pelos Barney Ross, Lee Christmas e seus companheiros foi tão grande quanto do longa anterior. Por outro lado, o efeito esperado pela diminuição da censura foi contrário ao que os executivos do estúdio esperavam. No primeiro fim de semana, Os Mercenários 3 conseguiu apenas US$ 15.879.645, muito inferior a abertura do segundo filme que foi de US$ 28.591.370. Apesar de ter faturado US$ 204,222,544 em todo mundo, apenas 19% deste montante vem de solo norte americano, o que é péssimo.

Se a diminuição de faixa etária não funcionou como se esperava, o mesmo pode se dizer dos "mercenários da nova geração". Por mais que o filme apresente os quatro novatos - Ronda Rousey, Kellan Lutz, Victor Ortiz e Glen Powell - como peças essenciais a trama, os personagens são extremamente insossos e desinteressantes. Em praticamente todas as cenas em eles dividem os holofotes com os veteranos, eles mal são notados.

.Com exceção da Ronda Rousey, afinal ela é a gostosa do filme.

Mercenários da nova geração?! BITCH PLEASE!!
Não se pode nem reclamar da falta de desenvolvimento dos novatos uma vez que o segundo ato INTEIRO da história é dedicado a eles. Durante quarenta QUASE INTERMINÁVEIS minutos, o ato mostra Barney dispensando sua antiga equipe e indo encontrar; Napoleão Bonaparte, um consultor de recursos humanos para mercenários vivido por Kelsey Grammer. Somos então apresentados a cada um dos indicados pelo consultor em cenas onde cada novato  - o hacker pakour, o boxeador do exercito, o especialista em motos e a gostosa porradeira - apresenta suas incríveis habilidades.

Com o grupo formado, General Ross então explica a missão aos novatos e tenta a todo custo não criar laços com eles. Após uma cena de ação bem nhé, a equipe consegue capturar Conrad Stonebanks...para logo em seguida caírem armadilha armada pelo traficante. O vilão sequestra os "mercenários da nova geração" e cabe a Barney e seus antigos companheiros resgatarem a molecada e dar um jeito definitivo em Stonebanks.

Não sei quanto a vocês, mas das duas uma: ou o plano do personagem do Sly era uma merda ou o Bonaparte é o pior consultor de RH para mercenários disponível no mercado. :P

Para não dizer que este segundo ato foi de todo ruim, existem duas sequências envolvendo dois veteranos estreantes que salvam o segundo ato do marasmo total. A primeira envolve a apresentação de Galgo (Antonio Banderas), um mercenário falastrão e hiperativo que ROUBA todas as cenas em que participa....e que tem a contratação VETADA pelo Bonaparte, o que definitivamente responde a minha dúvida anterior. Já a segunda sequência acontece quando Barney e Conrad enfim ficam frente-a-frente após a captura do traficante. Olha meus caros leitores, é mesmo uma pena que o Mel Gibson tenha se queimado em Hollywood, porque na moral....que ator FODA. A tensa conversa entre os ex-companheiros, ao lado do monólogo feito por Mickey Rourke no primeiro longa, são os únicos lapsos de atuação de toda a franquia.

Além de Banderas e Gibson, o ex-presidiário Wesley Snipes e Indiana Jones Harrison Ford foram outros veteranos que fizeram sua debut na série. Sendo literalmente resgatado da prisão cena de abertura, Snipes mostrou um entrosamento tão impressionante com seus companheiros que nem que estava fazendo a sua estreia. A rivalidade entre seu personagem e Lee Christmas - afinal ambos são especialistas e facas - garante momentos divertidíssimos, sendo realmente uma pena que esta rixa não tenha sido bem explorada durante o desenrolar da trama. Substituindo Bruce Willis - que tretou com Stallone durante a pré-produção do filme - Ford assumiu o posto de agente do CIA responsável pelas missões dos mercenários. Sendo mais uma participação especial do que um membro fixo do elenco, a função do eterno Han Solo na história se limitou a passar informações sobre o vilão e a pilotar Millenium Falcon um helicóptero no clímax do longa.

"Eric Roberts e Van Damme? Esses putos vão descobrir o que é um vilão de verdade."
Em relação as grandes sequências de ação, Mercenários 3 infelizmente não faz jus a seus antecessores, possuindo cenas bem aquém tanto no quesito quantidade quanto qualidade. A única sequência de ação realmente empolgante é a grande batalha final entre os mercenários old school e os da nova geração contra contra o exercito financiado por Conrad Stonebanks. Ok, toda a sequência na Somália é bem bacana, mas ainda assim é muito pouco perto do que a série já produziu.

Para quem ficou decepcionado com o quebra-pau entre Stallone e Van Damme, a boa noticia é que a porrada entre o astro sexagenário Sylvester Stallone e astro babaca Mel Gibson é bem mais empolgante e muito mais franca...pena que é curta demais, o que certamente irá frustrar os fãs novamente hehehe. Outro ponto um tanto quanto frustrante é a participação de Jet Li. Além de aparecer somente nos momentos finais do filme, ele passa boa parte do tempo ao lado de Schwarzenneger metralhando inimigos de dentro do helicóptero pilotado pelo personagem de Harisson Ford.

Particularmente, mesmo tendo adorado o vilão interpretado pelo Mel Gibson, eu senti muita falta de um "capanga de responsa". Enquanto nos filmes anteriores tínhamos Steve Cold Austin e Scott Adkins para dar um trabalho extra aos heróis, o máximo que temos aqui é um "João Grandão" genérico que é surrado sem dó e sem piedade pelo personagem do Jason Stathan. Sério, eu trocava sem pensar três desses novatos a Rounda não por um capanga do nível Mark Dacascos ou um Lorenzo Lamas.

Se faltou grana para contratar alguém relevante para função de capanga master, eu não sei, mas parece que a produção deve ter sim sofrido algum corte no orçamento. Pelo menos, essa é a única explicação que consigo pela para os efeitos visuais vagabundos desse filme. Na moral, para uma produção com status de blockbuster, os efeitos especiais apresentados na grande explosão da cena de abertura e na perseguição de helicópteros no clímax do filme são do nível de produções do SyFy Channel e da Asylum Films.

Em certos momentos, pensei que até veria um tubarão voador. :P

Sabe porque eles estão felizes? Contaram para eles que você irá deixar um comentário ao final desta postagem.
Infelizmente, Os Mercenários 3 é mais um filme acometido pela temível maldição do terceiro filme. Por mais que apresente bons momentos, excelentes adições ao elenco e um grande vilão, a produção desperdiça muito tempo tempo em que poderia entregar cenas divertidas para tentar desenvolver personagens que ninguém se importa. É uma pena pensar que um diretor com um potencial tão grande como Patrick Hughes não conseguiu criar cenas de ação tão competentes quanto de seu filme anterior, o bacaníssimo Busca Sangrenta (Red Hill, 2010)

Apesar de tudo, ainda torço para que a franquia ganhe mais filmes. Seria uma pena se a franquia encerrasse sem termos Liam Neeson, Danny Trejo, Donnie Yen fazendo a festa ao lado de Stallone e cia. :D

Nota: 6.

Ficha Técnica

Os Mercenários 3 (The Expendables 3, 2014)
Ação | Aventura

Diretor: Patrick Hughes.

Roteristas: Sylvester Stallone, Creighton Rothenberge e Katrin Benedikt.

Elenco: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson, Harrison Ford, Jason Statham, Dolph Lundgren, Antonio Bandeiras, Wesley Snipes, Jet Li, Terry Crews, Randy Couture, Kelsey Grammer, Ronda Rousey, Kellan Lutz, Victor Ortiz, Glen Powell, Robert Davi.




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2 Comentários

  1. Ótima crítica, velho amigo. Nossas ideias quanto ao filme bateram bastante.

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  2. É, realmente o filme não tentou mudar e acabou sendo um tiro pela culatra. Se parar para pensar, entre os "novos" integrantes que formaram par com o time, o que possuía mais carisma era o Antonio Banderas, que poderia muito bem ter participado dos outros filmes.

    Achei o filme divertido, mas, faltou bastante. Como qualquer outro filme, caiu na maldição do 3º flme da trilogia. Tentou ser diferente e acabou pior que os outros dois.


    Mas, teve boas cenas. xD

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