[Crítica] Final Fantasy: The Spirits Within


Pois é caros leitores, enquanto a maioria dos sites especializados estão escrevendo críticas para os principais lançamentos da atualidade, aqui estou publicando no Nerdologia Alternativa um texto sobre um filme lançado em 2001, o famigerado Final Fantasy: The Spirits Within.

Com tantas produções mais recentes para se resenhar, por que escrever sobre um longa animado onde a grande maioria do público detestou?

Na época de lançamento da produção, devido as críticas negativas da mídia especializada e, principalmente, de amigos e conhecidos, acabei não me animando em conferir a animação. As principais críticas consistiam na trama não possuir ligação com nenhum título da franquia, não possuir referências cade o Sephiroth a elementos presentes nos jogos e a falta de grandes sequências de ação. Sobrou até para a computação gráfica do filme. Enquanto alguns críticos condenaram os altos gastos em CGI para simular "pessoas reais", outros rotularam a produção como um "grande teste de tecnologia".

E de fato, o filme é uma lembrança que a própria Square gostaria de esquecer. Custando cerca de 137 US$ milhões, sem incluir os gastos com o marketing, o filme arrecadou apenas meros 61 US$ milhões...no MUNDO TODO. O prejuízo da produção foi tão grande que, além de fechar a divisão Square Pictures, quase levou a gigante japonesa para o buraco. O que salvou a empresa da falência foi justamente a sua fusão com a concorrente Enix (dona da franquia Dragon Quest), tanto que atualmente a Square é conhecida como Square Enix.

Enfim, sabendo de toda a desgraça causada pelo produto em questão, na semana passada eu finalmente assisti ao polêmico longa metragem através do Netflix. E sinceramente, Final Fantasy - The Spirits Within está MUITO LONGE de ser essa porcaria que todo mundo fala.

O que o Ben Affleck está fazendo no filme?
A trama de The Spirits Within se passa no longínquo ano de 2065, onde a Terra foi sodomizada dominada por uma raça extraterrestre com corpos etéreos, conhecida como fantasmas. Os humanos restantes vivem em "cidades barreiras" espalhadas pelo mundo, sonhando com o dia em que livrarão o planeta  dos invasores. As esperanças deste tão sonhado dia começam a ganhar forças quando a pesquisadora Aki Ross (Ming-Na Wen) e o seu mentor, o Dr. Cid (Donald Sutherland), descobrem meio para derrotar essa Ameaça Fantasma.

Segundo as pesquisas conduzidas pela dupla, ao reunir oito assinaturas espirituais especificas, a união dessas assinaturas poderão anular os fantasmas para sempre. De posse de cinco dos oito espíritos, Aki precisa ainda encontrar os três restantes para colocar o plano em ação. Mas a busca pelos espíritos não é o único problema que a heroína terá que enfrentar. Do lado dos militares, o general Hein (James Woods) pretende utilizar o canhão espacial Zeus, uma poderosa arma capaz de destruir os fantasmas. Como o uso equivocado do canhão pode destruir a própria Terra, os membros do conselho optam em colaborar na busca de Aki pelos espíritos remanescestes. Entretanto, determinado a utilizar a arma, Hein não poupará esforços para obter do conselho o sinal verde que tanto precisa.

Para encontrar os espíritos restantes, Aki e o Dr. Cid contaram com a ajuda de um esquadrão conhecido como Deep Eyes, formado pelos soldados Neil Fleming (Steve Buscemi), Ryan Whittaker (Ving Rhames), Jane Pé-Orgulhoso Proudfoot (Peri Gilpin) e pelo capitão Ben Affleck Gray Edwards (Alec Baldwin), com quem a Dra. Ross já teve um affair no passado.

"Doutor, eu tive um pesadelo...onde o Ben Affleck era o novo Batman!"
Se você leu a sinopse, caro leitor, verá que história não aparenta ser ruim...e de fato, ela não é. O grande problema de FFTSW foi carregar o título "Final Fantasy" em seu nome. Por mais que a animação seja um sci-fi bacana, ela NÃO É um filme sobre Final Fantasy. Por mais que apresente um personagem com o nome Cid (sempre presente nos jogos) e conte com o criador da franquia (Hironobu Sakaguchi) na direção e no roteiro, isso não é o suficiente para criar uma identificação com o fã. Logo, isso realmente foi uma tremenda bola fora da equipe de produção.

Se como adaptação, TSW deixa um pouco a desejar, como filme a conversa é outra. Com exceção de não existir nenhuma explicação de como o Dr. Cid descobriu a existência dos oito espíritos, todos os pontos apresentados pela história são explicados, amarrando quase todas as pontas do roteiro (afinal, temos aquela pequena exceção). Entre os pontos chave do roteiro, eu destaco o motivo que levou a Terra ser invadida pelos fantasmas. Além de ser uma idéia muito bem bolada, usou o recurso espiritualidade, algo muito presente nas histórias japonesas.

Os personagens apresentados tiveram suas motivações bem definidas. Durante o desenrolar do filme, nenhuma das ações realizadas pelos protagonistas fugiram daquilo que foi estabelecido para cada um. Entretanto, mesmo possuindo um elenco com nomes de peso, nenhum dos personagens apresentados consegue ser cativante o suficiente ao espectador. Tanto que tirando o Dr. Cid - que tem a vantagem do nome presente em todos os jogos - vocês conseguem lembrar os nomes dos outros protagonistas?  

E apesar das brincadeiras, o nome do protagonista não é Ben Affleck!

Parece Gears of War, mas não é!
Sendo um dos principais atrativos em seu lançamento, a computação gráfica da animação continua impressionante. Apesar de alguns efeitos terem envelhecido mal (afinal estamos falando de uma animação em CGI de 2001), a expressão facial dos bonecos continua incrível. E olha que apesar de estarmos no final da geração Xbox 360 e PS3, tem jogos que não conseguem ter a qualidade gráfica que o filme apresenta.

A trilha sonora do filme não ficou a cargo do compositor americano Elliot Goldenthal, vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora por Frida (2002), praticamente um ano depois de trabalhar em Final Fantasy. Não sou nenhum entendido em música, mas particularmente eu curti a trilha do longa. Não ao ponto de comprá-la em uma loja (como faria com a trilha de Inception, por exemplo), mas acredito que Goldenthal mandou muito bem.

Apesar dos grandes nomes no elenco original, como Ming-Na Wen (a Chun-li do Street Fighter do Van Damme) e Alec Baldwin (o melhor ator do mundo, segundo o Team America), assisti a versão dublada em português. O elenco nacional conta com as vozes de Priscila Amorin (a Mulher Maravilha da Liga da Justiça) Maurício Berger (o Lanterna Verde da Liga da Justiça), Guilherme Briggs (o Cosmo de Padrinhos Mágicos), Luiz Feier Motta (o Toguro de Yuyu Hakusho), Marco Antônio (a voz oficial de George Clooney) entre outros nomes que não consegui identificar.

Enfim, como adaptação de uma franquia de jogos consagrada, Final Fantasy - The Spirits Within falha por justamente faltar elementos que o identificassem como um Final Fantasy. Entretanto, é uma animação com uma proposta bacana, onde temos a união de elementos sci-fi com a espiritualidade oriental, sem contar a qualidade dos seres humanos reproduzidos via computação gráfica. Se o nome do longa metragem fosse apenas The Spirits Within e a campanha de marketing utilizasse uma tagline como "De Hironobu Sakaguchi, o criador de Final Fantasy", talvez o resultado final pudesse ser outro.

Nota: 6,5.


PS: Apesar do filme não ter gerado sequências e muito menos jogos baseados, ele conseguiu a façanha de colocar a Dra. Aki Ross na posição 87 no Top 100 das mulheres mais quentes de 2001, da Revista Maxim.

PS2: Para a alegria dos punheteiros da nerdaiada, a personagem ganhou um pôster na Maxim onde aparece apenas de biquíni.

Ficha Técnica

Final Fantasy (Final Fantasy: The Spirits Within, 2001)
Animação | Ação | Aventura

Diretores: Hironobu Sakaguchi e Motonori Sakakibara.

Roteristas: Hironobu Sakaguchi, Al Reinert e Jeff Vintar.

Dubladores: Ming-Na Wen, Alec Baldwin, Ving Rhames, Steve Buscemi, Peri Gilpin, Donald Sutherland, James Woods, Keith David, Jean Simmons e Matt McKenzie.



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3 Comentários

  1. eu adorei o desenho, mas é claro que me senti enganado pois procurava alguma ligação ao FFVII ao vê-lo.
    sobre quanto arrecadou, esse valor soma o mercado de vídeo (dvd e blu ray) e no netflix?


    Abç

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  2. Eu TV esperava algo tipo as invocações definalfantasy 8 mas gostei pq foi a primeira vez que vai animação emcg sem ser em videogames (o segundo foi Shrek).

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  3. Então, esse valor que eu apresentei soma apenas a bilheteria dos cinemas. A quantia arrecadada pelo mercado de home video eu infelizmente desconheço o valor. =/

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