[Crítica] O Vingador do Futuro (2012)


Se a Rekall Incorporated realmente existisse, eu certamente faria uso dos serviços oferecidos pela empresa...especialmente após assistir o novo O Vingador do Futuro (Total Recall, 2012).

Afinal de contas, onde mais eu poderia remover a lembrança desta merda de filme senão na Rekall?

Baseado no conto "We Can Remember It For You Wholesale", de Philip K. Dick (1928-1982), o filme é o remake do clássico de 1990, estrelado pelo astro brutucu Arnold Schwarzenegger e com Paul Verhoeven na direção.

E claro, com Sharon Stone no auge de sua gostosura. :D

Detentora dos direitos sobre a obra, a Sony - com a velha desculpa de atualizar a obra para a nova geração e blá blá blá - apostou em Len Wiseman para a direção da bagaça. Para o papel que no passado fora de Shwarza, o escolhido foi o chatolino do Colin Farrell. E como um filme desse "gabarito" precisa de gostosas, o elenco ainda era composto pelas tetéias Kate Beckinsale e Jessica Biel.

"Muito bem Colin, agora faça uma cara de retardado!"
O enredo apresenta ao espectador um planeta Terra totalmente devastado após uma guerra química, onde os únicos territórios habitáveis são conhecidos como União Federativa Britânica e a Colônia (a Austrália, que historicamente foi uma colônia Inglesa). A única forma de transporte entre as duas regiões é um grande metrô que atravessa o centro da Terra, conhecido como a Queda.

É dentro deste contexto que somos apresentados a Douglas Quaid (Colin Farrell), um mero operário de uma fábrica de robôs e morador de uma humilde residência na Colônia, a qual divide espaço com Lori (Kate Beckinsale), sua exuberante esposa. A vida pacata de Quaid ganha um novo rumo quando ele passa a se questionar sobre os seus recorrentes sonhos, onde ele e uma mulher qualquer (Jessica Biel) precisam fugir de guardas armados.

Esses questionamentos acabam por levá-lo a Rekall Incorporated, uma empresa especializada em implantes de memória falsas, fazendo-as parecer reais, de acordo com as especificações dos clientes. Mas ao realizar o procedimento, algo dá errado e Quaid descobre que seus frequentes sonhos são muito mais importantes que imaginava.

"Putz, era melhor ter ficado com a Kate Beckinsale!"
Comparando com original, a trama do remake em sua essência é a mesma. A grande mudança no roteiro escrito por Kurt Wimmer e Mark Bomback fica por conta da ambientação, onde elementos como Marte e os mutantes foram limados a fim de conferir um ambiente menos “fantástico” e uma abordagem mais "pé-no-chão".

Confesso que até curti a proposta inicial da trama, que parecia seguir um contexto sociopolítico envolvendo os dois territórios, mas isso acaba ficando apenas na promessa uma vez que o conceito não é desenvolvido com o andar da projeção. Além disso, mesmo preservando vários diálogos do longa antigo, pequenas alterações no texto, como a mudança na relação entre Quaid/Hauser e o vilão Cohaagen, acabou por empobrecer o conteúdo da história.

Entretanto, o grande problema da produção é a presença de Len Wiseman na direção.

Bryan Cranston tendo que garantir o leite das crianças.
Tendo dirigido Duro de Matar 4 (que muita gente não curte, mas eu até gosto) e alguns filmes da franquia Anjos da Noite, o cineasta até mostra que sabe como produzir cenas no estilo "massavéio" (a cena em gravidade zero é um grande exemplo), mas por mais bonitas e bem feitas que sejam, elas não empolgam. E da mesma maneira que Paul W. S. Anderson, Wiseman sofre da síndrome conhecida como "eu tenho uma mulher gostosa e quero mostrar a todos!".

Como assim?!

Acontece que o diretor é casado com a Kate Beckinsale. E da mesma maneira que W. S. Anderson faz com Milla Jovovich, Wiseman não poupa esforços para mostrar o quanto a sua esposa é fodona, e claro, gostosa. E apesar da personagem de Beckinsale não ter habilidades sobre-humanas como a sua Selina de Anjos da Noite, a sua Lori é o cúmulo da fodacidade. Ela surra Quaid com facilidade, sabe atirar com todos os tipos de armas, é uma perseguidora tão implacável quanto o Jason, desacata ordens de superiores sem hesitar e ainda consegue escapar de explosões...SEM UM ÚNICO ARRANHÃO!!!

E na moral... se Len Wiseman tivesse um pouquinho mais de liberdade criativa, Quaid seria morto por Lori logo na primeira briga do casal.

Dizem que existe uma explosão na foto, mas eu não consegui encontrá-la! :x
Já a parte dramática, mesmo possuindo um elenco muito mais talentoso que o do original, todo esse potencial é desperdiçado em prol da ação. Se Verhoeven em 1990 conseguiu extrair o melhor de cada membro de seu elenco, Wiseman se preocupa apenas em extrair as melhores tomadas da sua querida esposa.

Colin Farrell se esforça bastante em seu papel. Sempre tentando demonstrar a aflição de seu personagem frente a situação, o esforço do ator é em vão uma vez que nem o diretor e muito menos o roteiro colaboram. E para pessoas (como eu) que assistiram o original, apesar de Farrell ser muito mais ator, o Quaid de Schwarzenegger é muito mais legal.

Sendo os atores mais talentosos do elenco, Bryan Cranston e Bill Nighy possuem pouquíssimo tempo em tela. Na pele do vilão Cohaggen, Cranston só participa ativamente do filme na última meia hora de filme. E graças àquela mudança de roteiro mencionada logo atrás, o seu personagem acaba se resumindo a um vilão unidimensional. A participação de Nighy resume-se a uma participação especial, já que ela não dura nem três minutos.

Em relação às mulheres, Kate Beckinsale é sem sombra de dúvida a personagem de maior destaque do elenco... e olha que originalmente o seu personagem não possuía tanto tempo em tela. Alias, qual é o motivo do ódio de Lori por Quaid? Ele deixava as cuecas sujas na pia da cozinha? Ele era broxa? Gostava de New Kids On The Block? Sério, de onde é que vem todo esse ódio?

Já o papel de Jessica Biel resume-se a típica mocinha em perigo.

"Não se preocupe Colin, seu pior filme ainda é Alexandre."
Sem sombra de dúvida, o único ponto em que o remake supera o clássico são os efeitos visuais. O visual do filme não chega a encher os olhos como um Inception ou um Tron Legacy da vida, mas ao menos, mostra que alguma coisa na produção foi realmente bem feita. Quanto a trilha sonora, é tão genérica que você não irá se lembrar de acorde nenhum após assistir o filme.

O MAIOR pecado de Wiseman - além de dirigir o filme - foi limar todo e qualquer questionamento a respeito da veracidade dos fatos vivenciados por Douglas Quaid. Enquanto que no original, Paul Verhoeven consegue introduzir este pequeno questionamento ao público, o cineasta faz questão de mastigar a resposta ao espectador, não possibilitando qualquer discussão sobre o assunto.

Por fim, o novo Total Recall é apenas mais um remake desnecessário de um grande clássico do cinema. Se esse filme tem alguma contribuição, com toda certeza é fazer com que o público revisite a versão de 1990. Eu inclusive recomendo que vocês corram atrás desse filme. É divertido, é violento e ainda conta comum Schwarzenegger mais carismático do que nunca e uma Sharon Stone mais gostosa do que nunca.

Nota: 4,0


OBS: Quando Quaid vai a Rekall, ele quer memórias dele sendo um agente secreto. Pois bem, em certo momento do filme, ele aparece lendo "O Espião que me Amava" que, nada mais é do uma das aventuras de James Bond escrita pelo Ian Fleming.

OBS2: A mulher de três tetas faz uma pequena aparição no filme. Mas se não existem mutantes nessa versão, o que ela está fazendo ali?

OBS3: Foda-se! Eu ia nela fácil! xD


Ficha Técnica

O Vingador do Futuro (Total Recall, 2012)
Ação | Aventura | Ficção Cientifíca

Direção: Len Wiseman.

Roteiro: Kurt Wimmer e Mark Bomback.

Elenco: Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Bokeem Woodbine, Bryan Cranston, Bill Nighy, John Cho, Will Yun Lee.



---------------------------------------------------
Quer ter uma imagem associada a seu comentário?
Clique aqui e veja como \o/

Sugestões, críticas, elogios?
Envie para nerdologialternativa@gmail.com

Acompanhe nossas postagens via twitter: @NerdAlt
Ou através de nossa página no Facebook

Postar um comentário

1 Comentários